Entrevistamos a Fofão, ex-levantadora da seleção brasileira (se aposentou da seleção com a medalha de ouro em Pequim-2008) e que joga, atualmente, no Fenerbahçe, da Turquia. Ela conta um pouco de como foi vencer a Olimpíada, o que achou do jogo do Brasil contra a Bulgária no Mundial Masculino e muito mais, confira:
# Acredito que você deva ter acompanhado o Campeonato Mundial disputado no Japão, onde a seleção brasileira feminina ficou com o vice-campeonato. Não deu vontade de estar lá jogando ? Como foi ver pela TV ?
Acompanhei, sempre que foi possivel, alguns jogos, pra mim, foi normal, torci muito, fiquei nervosa, mas vontade de estar la já passou.
"A Bulgária entrou com um time diferente do titular e nem por isso, foi questionada, o Brasil fez o que achava certo no momento e quem somos nós pra discutir."
# O que você acha que faltou ao Brasil para vencer a Rússia e se sagrar campeão? Acha que faltou um pouco de controle emocional ?
O Brasil fez tudo certo, acho que ir para um tie break com a Russia é sempre complicado, pois elas jogam com bolas altas o tempo todo e encontrou uma Gamova num dia inspirado.
# A Dani Lins começou como levantadora titular e depois cedeu o espaço para a Fabíola. Você não acha que a Fabíola sentiu um pouco o peso da responsabilidade na fase final da competição ?
Acho que é normal sentir um pouco da pressão, afinal disputar uma competição tão importante não é fácil e foi a primeira vez dela, e tenho certeza que com mais jogos pela seleção, as coisas vão acontecendo , vai se adquirindo mais experiência que é muito importante para uma levantadora, acho que o fundamental é aproveitar a oportunidade que foi dada.
# Como é ser considerada uma das melhores levantadoras da história do vôlei mundial ?
É incrível! Eu fico muito feliz por isto, porque um atleta vive de objetivos e desafios e ser reconhecida como a melhor na sua posição é a maior vitória, você se sente realizada e seu trabalho muito mais valorizado.
# Você já foi comandada por dois dos melhores técnicos brasileiros da história: Bernardinho e o José Roberto Guimarães. Quem é o mais exigente e difícil de se agradar ? Qual a diferença de estilo entre os dois ?
Trabalhei com os dois em vários momentos da minha carreira e pra minha sorte, os dois foram levantadores e imagina o quanto eu sofri e posso dizer que os dois são muito exigentes, cada um na sua maneira de se expressar, são dois grandes treinadores , o Bernadinho é muito exigente e quer sempre tirar o máximo do atleta dentro daquilo que ele acredita que o atleta pode dar e o Zé Roberto é mais exigente nos fundamentos e na técnica do movimento.
# O que você achou dos comentários sobre a derrota do Brasil para a Bulgária no Mundial Masculino ?
Como atleta, eu acredito que existiu um pouco de exagero, as pessoas falam coisas que nem sempre são verdadeiras, a Bulgária entrou com um time diferente do titular e nem por isso, foi questionada, o Brasil fez o que achava certo no momento e quem somos nós pra discutir.
# Com toda essa história de igualdade entre homens e mulheres, constata-se que geralmente os técnicos são homens e ex-jogadores de vôlei. Por quê as mulheres não se aventuram nessa área ? Você tem a intenção de ser, um dia, técnica ?
Ate agora só a Isabel se aventurou, acho que a mulher não quer ter certas responsabilidades, que tiveram a vida inteira como jogadora, e ser técnica é muito desgastante, eu ainda não conheci nenhuma jogadora que tenha dito ter esta vontade, eu tenho vontade de trabalhar com garotas em formação, ensinar fundamentos, isto sim.
"(...) tenho alguns sonhos que espero realizar,que é ter meu projeto de escolinha para levantadoras."
# A conquista do ouro em Pequim 2008 foi o ponto alto de sua carreira ? Qual a sensação de ganhar uma medalha de ouro em uma Olimpíada ? Há alguma ligação entre essa conquista e sua decisão de não jogar mais pela seleção brasileira?
A Olimpiada foi o meu auge, me preparei muito para aquele momento e estava muito bem em todos os aspectos e a conquista da medalha veio coroar toda a minha carreira, toda a minha história dentro do voleibol, eu já tinha tomado esta decisão de deixar a seleção 4 anos antes da Olimpiada, independente de vencer ou não, seria minha última participação com a camisa da seleção, foi muito melhor, pois, encerrei com a medalha de ouro.
# Hoje, você joga na Turquia, pelo Fenerbahçe. Mas já jogou na Itália e na Espanha. Como é jogar na Europa ? Cada liga tem uma característica diferente ? E as cidades, onde você morou, qual a sua preferida ?
Jogar fora do Brasil é sempre um desafio , temos que nos adaptar a tudo. Mas eu sempre tive muitas alegrias em todos os times que eu joguei, mas foi na Itália que eu mais me identifiquei e onde eu tive todo reconhecimento que buscava na minha vida. Cada país tem sua forma de disputa, mas existem muitas competições muitos jogos, você joga em alto nível o tempo todo e isto é bom para o atleta evoluir e adquirir experiência.
# Como é conciliar a vida pessoal com a profissional com tantas viagens, concentrações e jogos ?
Não é nada fácil, pois temos que nos dedicar bastante aos nossos objetivos e as vezes a família fica em segundo plano, eu estou junto com meu marido a 15 anos e demorei 9 anos pra gente conseguir marcar o casamento e tudo mais, isto é só pra se ter uma ideia, mas no final deu tudo certo, meu marido entende perfeitamente a minha profissão e me apoia muito. A família é muito importante para um atleta .
# Quais são os seus planos para o futuro ? Pretende encerrar a carreira no Brasil ?
Eu não costumo fazer planos na minha vida, sempre foi assim, as coisas acontecem sem que eu espere, mas tenho alguns sonhos que espero realizar, que é ter meu projeto de escolinha para levantadoras. Se eu vou encerrar minha carreira no Brasil só Deus sabe.
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